domingo, 27 de outubro de 2013

Atraso no programa Água para Todos pode comprometer saúde

O governo Dilma Rousseff não cumpriu nem metade da meta de entregar 130 mil cisternas até julho aos atingidos pela seca no Nordeste.

Dos reservatórios de água prometidos pela presidente no dia 2 de abril, em evento com sete governadores em Fortaleza (Ceará), 59 mil foram entregues no prazo.

A ideia de acelerar a entrega de cisternas até meados do ano tem um motivo climático. É nesse período que se encerra a época de chuvas --ainda que escassas-- na região do semiárido.

Os moradores que receberam as cisternas no prazo e tiveram a sorte de contar com alguma chuva conseguiram armazenar essa água para enfrentar mais um período de meses de estiagem.

CARROS-PIPA
Fora do período de chuvas, o sertanejo depende apenas dos carros-pipa para abastecer seus reservatórios. Uma opção são os veículos contratados pelo Exército, nem sempre com equipes e água suficientes.

Outra é pagar pelo abastecimento a carros-pipa de particulares (cerca de R$ 100 para encher o reservatório) ou de veículos da prefeitura, que muitas vezes abastecem apenas as cisternas de seus aliados políticos no município.

Considerada a pior dos últimos 50 anos, a seca já deixou cerca de 1.500 municípios do Nordeste e Minas Gerais em estado de emergência, afetando dez milhões de pessoas. Também arrasou a agropecuária, com perdas de cultivos e de animais.
Editoria de Arte/Folhapress
METAS
O Ministério da Integração Nacional coordena o programa. As cisternas são compradas e levadas aos municípios, onde empresas locais cuidam da instalação. Além da meta de 130 mil até julho, Dilma falava em 240 mil até dezembro e um total de 750 mil até o final do de 2014, ano eleitoral.

De abril até agora, segundo o governo federal, 125 mil reservatórios foram entregues e o governo federal gastou R$ 437 milhões na aquisição das cisternas.

Em municípios do interior do Ceará, como Acopiara (a 355 km de Fortaleza) e Canindé (a 118 km da capital), as cisternas de polietileno já se integraram à paisagem local: elas se acumulam em depósitos a céu aberto à espera de instalação.

Moradores da região se cadastraram desde o início do ano para recebê-las. Sem os reservatórios, eles não podem nem armazenar água dos carros-pipa. A única alternativa é, diariamente, encher baldes nos poucos açudes que ainda não secaram.

Cisternas no Nordeste

Leonardo Soares/Folhapress


Claudenice Chaves de Lima, de Acopiara, no interior do Ceará, ao lado da cisterna que ainda não foi instalada
AÇUDES
É o que faz a dona de casa Maria Luciana da Silva, 30, da zona rural de Acopiara. Ela leva uma hora na caminhada para buscar água. "Não vem aqui o carro-pipa", diz a moradora, que reclama por ainda não ter recebido os reservatórios -que já chegaram a algumas das casas vizinhas.

Mas quem já recebeu as cisternas também enfrenta problemas. A Folha encontrou residências com equipamentos entregues há meses, mas que ainda não foram instalados.
A agricultora Silvana de Araújo, 38, de Acopiara, afirma que o reservatório foi deixado em seu quintal há quatro meses, sob a promessa de uma instalação rápida. Até agora está parado. Ela, o marido e os cinco filhos bebem a água de açude.

Em Canindé, o aposentado Mozar Cruz, 65, recebeu só no início deste mês a sua cisterna. Mas ele diz ter pago um carro-pipa particular para enchê-la porque a água dos carros do Exército é pouca. "Não dá pra todo mundo", diz.

LENTIDÃO
A promessa das cisternas faz parte de um pacote de medidas contra a seca anunciadas em abril pela presidente. O governo resolveu priorizar as cisternas de polietileno sob o argumento da rapidez na instalação, em vez de reservatórios com placas de cimento, que continuam a ser feitos em menor escala.

Isso apesar de serem mais caras --custam R$ 5.000 a unidade, enquanto as de placa saem por cerca de R$ 2.200. As organizações não governamentais que participavam da produção das cisternas de placa, porém, passaram a levantar dúvidas sobre a durabilidade do novo tipo.

O governo federal argumenta que o polietileno é resistente ao calor e que o reservatório tem vida útil média de 35 anos.

A lentidão não afeta somente a instalação das cisternas: em junho, reportagem da Folha mostrou que as ações estão demorando a chegar a moradores afetados. Houve atraso, por exemplo, na entrega de milho subsidiado e na liberação de verbas para perfuração de poços.

Fonte: Folha S. Paulo, 27.10.2013

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Esquistossomose

A esquistossomose é uma doença transmissível, parasitária, causada por vermes trematódeos do gênero Schistosoma. O parasita, além do homem, necessita da participação de caramujos de água doce para completar seu ciclo vital. Esses caramujos são do gênero Biomphalaria. No Brasil, somente três espécies são consideradas hospedeiros intermediários naturais da esquistossomose: B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila. Na fase adulta, o parasita vive nos vasos sanguíneos do intestino e fígado do hospedeiro definitivo, o homem.

Modo de Transmissão

O Indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes humanas. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas, denominadas miracídios, que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários, que vivem nas águas doces. Após quatro semanas as larvas abandonam  o caramujo na forma de cercarias e ficam livres nas águas naturais. O contato dos seres humanos com essas águas é a maneira pela qual é adquirida a doença.
Período de incubação
Em média, é de duas a seis semanas após a infecção, período que corresponde desde a fase de penetração e desenvolvimento das cercarias, até a instalação dos vermes adultos no interior do hospedeiro definitivo.
Período de transmissibilidade
A transmissão da esquistossomose não ocorre por meio do contato direto, homem doente→homem suscetível. Também não ocorre “auto-infecção”, como na estrongiloidíase e outras verminoses. O homem infectado pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni a partir de 5 semanas após a infecção e por um período de 6 a 10 anos, podendo chegar até mais de 20 anos. 
Os hospedeiros intermediários começam a eliminar cercarias após 4 a 7 semanas da infecção pelos miracídios. Os caramujos infectados eliminam cercarias por toda a vida, que é aproximadamente de um ano.

Suscetibilidade e imunidade

A suscetibilidade humana ao verme é universal, embora apresente variações individuais. Portanto, qualquer pessoa, independente de idade, sexo ou grupo étnico, que entre em contato com as cercarias pode  contrair a infecção. Existem evidências de que certo grau de resistência à esquistossomose se faz presente na maioria dos indivíduos expostos em áreas hiperendêmicas, embora esse mecanismo não esteja perfeitamente esclarecido. Essa resistência, em grau variável, faz com que um grande número de pessoas continuamente expostas não desenvolva infecções com grandes cargas parasitárias. Por isso, é reduzido o número de pessoas com manifestações clínicas severas, em relação ao total de portadores.
Sinais e Sintomas
Na fase aguda, o paciente pode apresentar febre, dor na cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tosse e diarréia. Em alguns casos o fígado e o baço podem inflamar e aumentar de tamanho. Na forma crônica a diarréia se torna mais constante, alternando-se com prisão de ventre, e pode aparecer sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode sentir tonturas, dor na cabeça, sensação de plenitude gástrica, prurido anal, palpitações, impotência, emagrecimento e endurecimento do fígado, com aumento do seu volume. Nos casos mais graves, da fase crônica, o estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento, fraqueza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente como barriga d’água.
Tratamento
O tratamento para os casos simples é domiciliar. O praziquantel, na apresentação de comprimidos de 600 mg é administrado por via oral , em dose única de 50 mg/kg de peso para adultos e 60mg/kg de peso para crianças. Como segunda escolha, a oxamniquina apresenta cápsulas de 250 mg e dose de 15 mg/kg para adultos e solução de 50 mg/ml e dose de 20 mg/kg, para uso pediátrico . Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e tratamento cirúrgico.

Contraindicações

De maneira geral, não se recomenda a administração de medicação antiesquistossomótica nos seguintes casos:Durante a gestação; Durante a amamentação. No caso de tratamento da nutriz, a amamentação deverá ocorrer 72 horas após o tratamento;Crianças menores de 2 anos;Insuficiência hepática grave (fase descompensada da fase hepatoesplênica); Insuficiência renal ou outras situações graves de descompensação clínica.O risco/benefício do tratamento deve ser avaliado pelo médico.

Prevenção

A prevenção consiste em evitar o contato com águas onde existam os caramujos hospedeiros intermediários infectados.
Fonte: Ministério da Saúde, 22.10.2013

Dengue

O que é?

É uma doença infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave, dependendo de alguns fatores, entre eles: o vírus envolvido, infecção anterior pelo vírus da dengue e fatores individuais como doenças crônicas (diabetes, asma brônquica, anemia falciforme).

Qual o microrganismo envolvido?

O vírus do dengue pertence à família dos flavivírus e é classificado no meio científico como um arbovírus, os quais são transmitidos pelos mosquitos Aedes aegypti. São conhecidos quatro sorotipos: 1, 2, 3 e 4.

Quais os sintomas?

O doente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, náuseas ou até mesmo não apresentar qualquer sintoma. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar um sinal de alarme para dengue hemorrágica. Esse é um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode ser fatal.

É importante procurar orientação médica ao surgirem os primeiros sintomas, pois as manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças, como febre amarela, malária ou leptospirose e não servem para indicar o grau de gravidade da doença.

Todos os quatro sorotipos de dengue 1, 2, 3 e 4 podem produzir formas assintomáticas, brandas e graves, incluindo fatais. Deve-se levar em consideração três aspectos:

1. Todos os quatro sorotipos podem levar ao dengue grave na primeira infecção, porém com maior freqüência após a segunda ou terceira, sem haver diferença estatística comprovada se após a segunda ou a terceira infecção;

2. Existe uma proporção de casos que têm a infecção subclínica, ou seja, são expostos à picada infectante do mosquito Aedes aegypti mas não apresentam a doença clinicamente, embora fiquem imunes ao sorotipo com o qual se infectaram; isso ocorre com 20 a 50% das pessoas infectadas;

3. A segunda infecção por qualquer sorotipo do dengue é predominantemente mais grave que a primeira, independentemente dos sorotipos e de sua seqüência. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são considerados mais virulentos.

É importante lembrar que muitas vezes a pessoa não sabe se já teve dengue por duas razões: uma é que pode ter tido a infecção subclínica (sem sinais e sem sintomas), e outra é pelo fato da facilidade com que o dengue, principalmente nas formas brandas, pode confundir-se com outras viroses febris agudas.

Como se transmite?

A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento.

Como tratar?

Todas as pessoas com febre de menos de sete dias durante uma epidemia ou por casos suspeitos de dengue, cuja evolução não é possível predizer, devem procurar tratamento médico onde algumas rotinas estão estabelecidas para o acompanhamento, conforme a avaliação clínica inicial e subseqüente, quanto a possibilidade de evolução para gravidade. A hidratação oral (com água, soro caseiro, água de coco), ou venosa, dependendo da fase da doença, é a medicação fundamental e está indicada em todos os casos em abundância. Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetil salicílico e antiinflamatórios, como aspirina e AAS, pois podem aumentar o risco de hemorragias.

Como se prevenir?

A melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. Para isso, é importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros.

Fonte: Ministério da Saúde, 22.10.2013

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Degradação de mananciais em Juiz de Fora

O tema não é novo, mas a cidade continua mostrando dificuldades em gerir seus recursos hídricos e impedir a ocupação irregular do solo em torno de seus mananciais. Para que a Represa João Penido não termine como a de São Pedro, cuja desativação já está prevista, vai ter que colocar a pauta no centro da agenda pública. O assunto foi debatido, nesta quinta-feira (17) à tarde, na Câmara Municipal, em audiência proposta pelo vereador José Márcio (PV), que reuniu representantes da sociedade civil, especialistas e autoridades municipais. O principal consenso foi quanto à urgência de garantir, de maneira eficiente, a proteção da água que abastece Juiz de Fora, a fim de que o interesse público se sobreponha ao particular. 

"Há uma degradação consistente e permanente dos nossos mananciais sem que haja uma reação do Poder Público. Temos que avançar com mais agressividade na fiscalização da Represa João Penido para dar um basta nessa situação irregular. Se não mostrarmos que somos capazes de cuidar do que é nosso, como vamos cuidar da Barragem de Chapéu D' Uvas", questiona José Márcio. O vereador refere-se à futura fonte de abastecimento da cidade, cuja localização não está no município e sim em outras três cidades: Santos Dumont, Ewbank da Câmara e Antônio Carlos. Onze vezes maior do que a João Penido, a Bacia de Chapéu D'Uvas é a grande aposta para as próximas décadas. No entanto, sem uma gestão compartilhada e planejamento do uso da área, a barragem também poderá ser ameaçada, como já acontece com a João Penido, cujo assoreamento das margens, proliferação de plantas aquáticas e descargas clandestinas de esgotos em seus afluentes já comprometem a qualidade da água. "É preciso agir com urgência para evitar a morte da João Penido", salientou Maria Magaly Bucci, especialista da Secretaria de Meio Ambiente de Juiz de Fora. 

Uma das respostas dadas pelo prefeito Bruno Siqueira (PMDB) para o problema da João Penido foi a publicação de decreto que impede temporariamente a suspensão da emissão de licenças e autorizações para novas construções, movimentações de terra, reforma de bens, instalação de atividades, entre outras ações na área que cerca o manancial. Restrições também foram adotadas em relação às áreas adjacentes à rodovia que está sendo construída para ligar a BR-040 ao entroncamento da MG-353, em Coronel Pacheco, passando por um terreno próximo à represa. Já o secretário de Meio Ambiente, Luiz Cláudio Santos Pinto, anunciou a intenção de contratação de novos fiscais e o reflorestamento em torno da área, com o plantio de quase 20 mil mudas. 

Fonte: Tribuna de Minas, 18.10.2013

domingo, 13 de outubro de 2013

Doença de Chagas: novos casos se concentram no Pará e Amapá


Embora o Brasil tenha reduzido de forma drástica os números de contágio do mal de Chagas nas últimas décadas, entre 150 e 200 novos casos ainda são registrados anualmente. Mais de 95% ocorrem em apenas dois Estados: Pará e Amapá, sendo o processamento de açaí e outros alimentos o principal foco de contágio.

Os dados são do Ministério da Saúde, que aponta elementos da cultura alimentar nortista, como as frutas, sucos e o alto consumo de açaí in natura como fatores de difícil controle.

De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, João Barbosa, a doença está controlada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e há casos raros no Nordeste.

No Norte, condições inadequadas de processamento e preparo de alimentos fazem com que o inseto barbeiro (Triatoma infestans e suas variáveis) ou suas fezes contendo o parasita Trypanosoma cruzi sejam ingeridas, levando à contaminação.

"O inseto acaba caindo em máquinas de processamento de alimentos, como moedores de cana. Frutas que não são esterilizadas da forma correta também podem ter fezes contaminadas", diz João Carlos Pinto Dias, que já chefiou o Programa Nacional de Combate à Doença de Chagas brasileiro e é membro do Comitê de Doenças Tropicais Neglicenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Pinto Dias, que também atua como pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e tem mais de 220 artigos científicos e sete livros publicados sobre o assunto, diz que o Nordeste ainda abriga alguns resquícios de incidência do barbeiro, mas que a maior preocupação é com o Pará, no Norte.

Segundo o Ministério da Saúde, sabe-se que o açaí é o principal problema, e o governo já montou um esquema de normatização sobre a esterilização da fruta, que inclui procedimentos simples como a fervura da polpa, mas ainda há resistência nas comunidades locais.

Erradicação

Embora o Brasil tenha reduzido o número de novos casos anuais de Doença de Chagas de 150 mil nos anos 1970 para cerca de 150 a 200 atualmente, não se pode falar em erradicação.

"O principal vetor (o inseto barbeiro) foi interrompido. A outra principal forma de transmissão, por transfusão sanguínea, também foi eliminada, mas ocasionalmente existem novos casos. Uma doença só é considerada erradicada quando a chance de novas incidências é nula", diz João Barbosa.

Mesmo assim, já se pode afirmar que o mal tornou-se uma "doença rara" no país. Ele diz que o contágio vetorial (por diferentes espécies do inseto barbeiro) foi considerado oficialmente eliminado no Brasil pela OMS em 2006.

A doença também perdeu atenção na mídia brasileira, mas episódios isolados trazem o assunto de volta ao noticiário ocasionalmente. Em Santa Catarina, na cidade de Navegantes, 25 pessoas foram infectadas e três morreram após ingerirem caldo de cana em uma barraca às margens da BR-101 no verão de 2005.

Transfusões

Quanto à transmissão por transfusão sanguínea, Pinto Dias diz que o Brasil adotou em 1986 uma lei exigindo que todos os bancos de sangue fizessem testes para detectar a doença. Em 1990, 100% dos hemocentros já haviam normatizado o procedimento.

"Hoje em dia 0,3% dos doadores brasileiros são detectados com mal de Chagas. No passado o número chegou a 15%. Temos de 3 a 4 milhões de transfusões anuais no Brasil e são registrados entre 15 e 20 casos de contaminação por ano desta maneira", diz.

Outra forma de transmissão da doença citada pelo artigo americano, de mãe para filho, também está em declínio no Brasil. A idade média das mulheres infectadas está acima dos 40 anos, fora de idade fértil, o que reduz a chance deste tipo de contágio no país, segundo Pinto Dias.

"A tendência é que o número de mulheres infectadas diminua gradativamente com o envelhecimento, o que diminuirá cada vez mais a chance de haver transmissão de mãe para filho".

Fonte: BBC Brasil, 31/05/2012

Diarreia e Desidratação

A diarreia é um desarranjo do intestino com aumento do número de evacuações e fezes amolecidas ou líquidas. 

Causas: Os germes causadores da diarreia costumam chegar ao ser humano através da boca, podendo estar na água ou alimentos contaminados. A maioria das diarréias é causada por vírus, bactérias ou parasitas. Os parasitas são comuns em locais com condições precárias de higiene sanitária. 

Complicações da diarréia: 
- desidratação; 
- diarreias de repetição, desnutrição crônica, retardo do desenvolvimento do peso e estatura; 
- retardo do desenvolvimento intelectual; 
- morte. 

Tratamento: 
- iniciar a ingestão do soro caseiro* o mais breve possível; 
- aumento da ingestão de líquidos como soros, sopas, sucos; 
- ingerir de 50 a 100 ml de líquido após cada evacuação diarréica; 
- manter a alimentação habitual, principalmente o leite materno, corrigindo erros alimentares e seguindo as orientações médicas; 
- observar os sinais de desidratação. 

Sinais da desidratação: 
- olhos fundos; 
- ausência de lágrimas quando a criança chora; 
- boca e língua secas; 
- ter muita sede e beber água ou outro líquido muito rápido; 
- diminuição da quantidade de urina; 
- afundamento da moleira. 
Se apresentar dois ou mais sintomas, pode ser desidratação. É necessário procurar a unidade de saúde mais próxima imediatamente para atendimento médico. 

Prevenção: 
- amamentar o recém-nascido no mínimo até os seis meses de vida; 
- beber somente água tratada, filtrada ou fervida; 
- beber bastante líquidos, principalmente nos dias mais quentes; 
- observar se os encanamentos da residência não estão furados; 
- manter os depósitos de água sempre fechados e fazer limpeza regularmente; 
- não tomar banho em rio, açude ou piscina contaminada; 
- manter a higiene da casa, pessoal e dos utensílios de mesa e fogão; 
- lavar as mãos com água e sabão antes de preparar os alimentos, antes de amamentar, após a troca de fraldas de crianças ou após usar o banheiro; 
- proteger os alimentos de moscas, baratas e ratos; 
- lavar cuidadosamente as verduras e frutas. 

 *Como preparar o soro caseiro: Misture em um litro de água mineral, de água filtrada ou de água fervida (mas já fria) uma colher pequena (tipo cafezinho), de sal e uma colher grande (tipo sopa), de açúcar. Misture bem e ofereça o dia inteiro ao doente em pequenas colheradas.

Fonte: BVS - Ministério da Saúde - Dicas em Saúde, transcrito em 13/10/2013

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Impacto das mudanças climáticas na saúde da população preocupa governo brasileiro

As mudanças climáticas deverão provocar aumento do nível dos mares e da intensidade de eventos extremos, como secas e tempestades em todo o mundo. A previsão foi confirmada pelo último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), em 27 de setembro. Diante de um cenário de incertezas em relação ao futuro do planeta, o governo brasileiro se prepara para reduzir os efeitos colaterais do clima na saúde da população. 

O tema já havia sido tratado na primeira versão do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, de 2008, mas ganhou destaque ainda maior nos últimos anos. Em junho, foi lançado o Plano Setorial de Saúde para Mitigação e Adaptação para a Mudança do Clima. O plano setorial integra a versão preliminar do novo Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que abriu para consulta pública na internet no dia 1º de outubro. 

De acordo com o governo brasileiro, espera-se que as mudanças no clima tenham impactos diretos (como no caso dos desastres naturais), indiretos (devido à mudança na qualidade da água, do ar e dos alimentos) e também por meio de perturbações sociais e econômicas. 

“A questão é como preparar o sistema de saúde para esses eventos. Dentro do sistema que já existe, temos que começar a prepará-lo para isso. Pelo que os relatórios apontam, haverá chuvas muito fortes e secas muito fortes no país”, disse o secretário nacional de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MME), Carlos Klink. 

Entre as preocupações do governo brasileiro, estão as doenças transmitidas por vetores como a dengue, a malária, a febre amarela e a leishmaniose, ou por água e alimentos contaminados, como diarreias agudas, leptospirose e toxoplasmose. 

Acredita-se que alterações climáticas, como intensas ondas de calor, tenham impacto também sobre doenças crônicas não transmissíveis, como males cardiovasculares e respiratórios. Há ainda o agravante de se unir as mudanças no clima com a poluição atmosférica (que é um dos principais fatores de aceleração do aquecimento global). 

Há também a preocupação com os riscos de escassez de águas e alimentos e de transtornos psicológicos como o estresse provocado pelos eventos climáticos extremos. Entre as metas do governo estão ampliar a cobertura vacinal da população, a vigilância sobre as doenças crônicas e a análise da qualidade da água, além de reduzir a incidência de doenças provocadas por vetores. 

Edição: Fernando Fraga Fonte: Agência Brasil, 6. 10. 2013