sábado, 23 de julho de 2011

Rio Paraibuna: Mortandade de Peixes



Uma mortandade de peixes foi vista hoje pela manhã no Rio Paraibuna, ao longo do curso, na Zona Norte da cidade. Entre as espécies afetadas estão cascudos, traíras, bagres, carás e piaus. Na divisa entre os bairros Jóquei Clube e Parque das Torres, muitas pessoas perceberam o deslocamento dos animais, mortos ou agonizando pelo leito do rio. Algumas crianças se arriscavam, na margem, recolhendo os peixes. Segundo o presidente da Associação de Moradores do Parque das Torres, José Luiz Cabral, a mortandade foi comunicada à polícia por meio do disque denúncia unificado (181). "Eles têm que ver se é algum agente químico e punir quem for o responsável. Há dias em que a água do rio fica azul."

Uma equipe da Polícia Militar de Meio Ambiente e técnicos da Agenda JF estiveram no local para avaliar as causas do acidente ambiental. Segundo a assessoria da Prefeitura, informações repassadas aos técnicos da Agenda JF por moradores e pessoas que trabalham às margens do rio apontam que as mortes dos peixes teriam acontecido no Ribeirão do Espírito Santo, entre a estação de captação da Cesama e o Paraibuna. Não foi verificada a presença de resíduo aparente no local e não teriam ocorrido procedimentos fora do normal na estação de tratamento do Distrito Industrial. O trecho do rio afetado continuará sendo monitorado. A fiscalização ambiental pede que a população entre em contato pelo telefone 3690-0771 caso identifique o problema novamente.

A mortandade chamou atenção de moradores. Alguns entraram nas águas em busca dos peixes. Um menino recolheu um cascudo e bagres. Segundo ele, os peixes seriam preparados como alimento em sua casa. O presidente da associação dos moradores se mostrou preocupado: "Tem tanta gente carente aqui a ponto de levar para casa e achar que vai fritar, e a contaminação vai sair. Mas a gente não sabe que tipo de coisa pode ter nos peixes, que doenças isso pode causar."

Outro homem que acompanhava a movimentação contou que está acostumado a realizar a pesca esportiva no Paraibuna, com autorização do Ibama. "Nem quando está tudo normal dá para consumir a carne. Durante o preparo, ela exala um cheiro forte, parecendo óleo diesel. Então, a gente pesca e solta de volta." De acordo com o gastroenterologista Gilson Salomão, a ingestão de peixe contaminado traz riscos à saúde. "O alimento pode causar infecções intestinais graves, com quadros de diarreia e vômito, que podem inclusive levar à hospitalização."

Fonte: Tribuna de Minas, 23.7.2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Qualidade da água do Paraibuna é ruim!

Após a Agência Nacional de Águas (ANA) divulgar, na segunda-feira, um relatório que cita o trecho juiz-forano do Rio Paraibuna como problemático em relação à qualidade da água - apesar da melhora nos índices de poluição -, a Fundação SOS Mata Atlântica concluiu, essa semana, um estudo que mantém o sinal de alerta no município. A análise da água coletada no rio, na semana passada, apontou que a qualidade é ruim. Este ano, o Rio Paraibuna alcançou a mesma pontuação do ano passado, 25 (abaixo de 20 é péssimo e acima de 40 é ótimo, segundo a classificação utilizada pela fundação, baseada em normas do Conselho Nacional de Meio Ambiente - Conama). A coleta foi realizada no dia 13 de julho, na altura da ponte da Rua Halfeld, no Centro. Na avaliação química e biológica do líquido foram levados em conta 14 parâmetros, como presença de nitrato e fosfato, pH, oxigênio dissolvido, turbidez, demanda bioquímica de oxigênio, odor e existência de coliformes. O monitoramento das águas fluviais é desenvolvido pelo programa Rede das Águas, da própria SOS Mata Atlântica.

O relatório de Juiz de Fora chama a atenção para a presença de "muito lixo" acumulado nas margens ou flutuando sobre a água. Em relação ao odor exalado pelo rio, o Paraibuna foi classificado como "fétido ou cheiro de ovo podre". Já a medição da turbidez da água apontou entre 40 e 100 Unidades de Turbidez de Jackson (UTJ). Isso "indica que não existe penetração de luz, logo não existe fotossíntese, não havendo possibilidade de existir oxigênio dissolvido na água, o que indica que a situação na profundidade é anaeróbica e, por isso, o cheiro fétido ou cheiro de ovo podre que caracteriza um processo de fermentação e confirma a baixa presença de oxigênio dissolvido", explica o químico, autor do livro "Águas & Águas" e professor convidado do Núcleo de Análise Geoambiental da UFJF, Jorge Macedo, que analisou o relatório a pedido da Tribuna.

Também foi alta a concentração de fosfato, componente encontrado em produtos de limpeza. "A presença de fosfato é um dos parâmetros que medem a poluição doméstica nos rios. Isso indica que, além de a sociedade ter que pressionar para que o Poder Público instale as estações de tratamento de esgoto (ETEs) para remover a carga orgânica, também exija o tratamento terciário para retirar esses produtos químicos da água", explica a bióloga do programa Rede das Águas, Valéria Rusticci.

O químico Jorge Macedo complementa a avaliação e revela que contaminantes como hidrocarbonetos aromáticos, disruptores endócrinos e metais, como zinco, cádmio, cromo, chumbo e mercúrio, não conseguem ser removidos da água apenas com o tratamento recebido nas ETEs. "Ou seja, (esses materiais) irão se manter na água, colocando em risco a população que tiver contato com a água ou ingerir algum peixe ."

O assessor de gestão ambiental da Cesama, Paulo Afonso Valverde Júnior, explica que contaminantes, como metais, têm a provável origem industrial, sendo que o tratamento desse tipo de resíduo é de responsabilidade das próprias empresas. "A legislação prevê que as indústrias tenham estações especiais de tratamento, a lei foi um ganho para o Rio Paraibuna, mas ainda existe muita atividade clandestina."

Em relação ao tratamento do esgoto doméstico, responsabilidade da Cesama, o assessor ressalta que, em 2009, apenas 1% do esgoto da cidade era tratado. Hoje, segundo ele, 12% desse resíduo passam por tratamento. Além das duas ETEs já em funcionamento, a da Barreira do Triunfo e de Barbosa Lage, a Prefeitura espera concluir, em breve, a construção da ETE União Indústria. Para este ano, ainda devem ser criados três novos coletores de esgoto na Zona Norte.

Fonte: Tribuna de Minas, 22.7.2011