sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Juiz de Fora desconhece sua infraestrutura

Juiz de Fora desconhece a totalidade de suas redes de esgoto, de distribuição de água potável e de captação da água pluvial. Durante muitas décadas, esse emaranhado de tubulações foi sendo aterrado sem controle ou catalogação. Hoje muitos dutos só se tornam oficialmente conhecidos pela Administração Municipal quando apresentam problemas, e os reflexos emergem no asfalto. A situação mais preocupante está na Secretaria de Obras, que conhece pouco menos de 10% de toda a rede de drenagem sob a área urbana. Um dos mapeamentos subterrâneos da rede de captação pluvial do Centro, por exemplo, foi realizado na década de 1960, quando o então prefeito Itamar Franco construiu galerias para escoamento da água da chuva nas principais vias do Centro, evitando alagamentos frequentes na época. "Não houve tradição, ao longo dos anos, de se fazer esse tipo de cadastro. Hoje tudo o que fazemos é registrado, mas ainda temos muito pouco conhecimento da rede de drenagem", constata o secretário de Obras, Jefferson Rodrigues Júnior. "Em muitos casos, quando temos que executar algum projeto novo, precisamos averiguar, no local, o que tem enterrado", completa.

Já a Cesama afirma ter 40% da rede de esgoto catalogada. A de distribuição de água chega a 70%. A empresa garante ter conhecimento prático "de todo o sistema de água e esgoto, porém implantou seu cadastro técnico digital (Redegeo) há cerca de 12 anos e vem, durante este tempo, alimentando-o, por meio de levantamentos e confirmações de campo".

Responsável por obras em diversas cidades do país, o engenheiro sanitarista Marco Antônio Soares Lage enxerga os mesmos problemas em outros municípios, inclusive em capitais. "Nenhuma cidade brasileira tem conhecimento perfeito de suas redes subterrâneas. Hoje, com novas interferências, como os cabos de fibra ótica, os gasodutos e até a energia elétrica subterrânea, essa situação tende a piorar." A falta de conhecimento do subterrâneo, segundo ele, reflete diretamente na superfície e, consequentemente, no cotidiano da população. "Quando tem algum problema na rede, é preciso abrir buracos maiores do que o necessário, pois não se sabe onde a tubulação passa. Além disso, corre-se o risco de, quando abrir o buraco, não chegar exatamente ao ponto onde está o problema."

Falta cadastro único
O compartilhamento das redes de esgoto e de captação pluvial - as chamadas redes mistas - é outro problema. Como, no passado, achava-se que a água da chuva poderia "limpar" o esgoto, os dois fluidos acabaram sendo conectados em boa parte da cidade - estima-se que quase metade da rede de esgoto ainda esteja ligada à rede pluvial. As conexões erradas nas residências, já que muitos moradores jogam água pluvial na rede de esgoto, agravam o problema.

"Desde o início de sua urbanização, Juiz de Fora sofre os impactos da falta de planejamento nesse setor. Hoje, até mesmo em função das mudanças climáticas, o assunto ganha mais importância", constata o professor da Faculdade de Engenharia da UFJF, Fabiano Leal. O especialista ressalta a importância de um cadastro único das redes subterrâneas, de forma a facilitar e coordenar as ações no subsolo. No entanto, o professor afirma não haver, no Brasil, um município que já tenha essa catalogação unificada de forma eficiente.

Fonte: Tribuna de Minas, 28.10.2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Americanos rejeitam flúor na água para consumo humano

RIO - Prefeitos americanos declararam guerra à adição de flúor na água dos reservatórios que abastecem as cidades, embora as autoridades de saúde nos EUA defendam o uso da substância, como forma de reduzir em 25% o índice de cáries na população.

Há duas semanas, Pinellas County, na Flórida, votou contra a adição de flúor em seu abastecimento de água potável, segundo reportagem do jornal "The New York Times". O município junta-se a pelo menos outros 200 que, da Geórgia ao Alasca, optaram por acabar com a prática nos últimos quatro anos, motivados pelos orçamentos apertados e pelo ceticismo sobre seus benefícios. Muitas das decisões foram tomadas depois de extensas consultas a cientistas, médicos e dentistas.

Mas o Serviço de Saúde Pública dos EUA e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) garantem que essas comunidades estão equivocadas. O governo americano continua a recomendar a adição de flúor à água, desde os anos 40. Hoje, 72% da população do país bebem água com flúor. Para as autoridades, essa substância é importante porque muitas pessoas não podem pagar dentistas.

- A fluoretação ajuda grupos de renda que não têm acesso a tratamento dentário - diz William Bailey, diretor da área dental do Serviço de Saúde Pública.

Mas o movimento contra a fluoretação aumentou porque o próprio governo americano divulgou um relatório alertando para o efeitos nocivos do excesso de flúor na água. Esta prática seria responsável pelo aumento no número de casos de fluorose dental, que causa manchas brancas ou amareladas nos dentes. Cerca de 40% das crianças com idades entre 12 e 15 anos tinham fluorose dental, de 1999 a 2004. Esse percentual era de 22,6% num estudo de 1986 a 1987.

Os que condenam a fluoretação dizem que os dentes manchados pela fluorose são um aviso de que outros ossos do corpo podem estar absorvendo excesso de flúor. Este excesso leva ao aumento do risco de fraturas ósseas em adultos, bem como dores.

- Os dentes são a janela para os ossos - diz Paul Connett, professor aposentado de química ambiental e diretor da Fluoride Action Network, que defende fim da água com flúor.

Um possível aumento do número de casos de fluorose dental, dizem especialistas, pode ter sido ocasionado pela água fluoretada consumida em vegetais e frutas, sucos e outras bebidas, bem como a água da torneira. E o consumo de bebidas continua a crescer. Além disso, os críticos do flúor dizem que a substância já está presente em boa quantidade de pastas de dentes e produtos de enxágue bucal. E adicioná-la à água é algo impreciso. A maioria concorda que o flúor age melhor quando aplicado diretamente sobre os dentes.

Diante da polêmica, o governo americano recomendou, em janeiro, a redução do flúor colocado na água para 0,7 miligramas por litro de água. Por muito tempo, o padrão americano variou de 0,7 a 1,2 miligramas por litro.

No Brasil, o Ministério da Saúde adota a mesma medida há 36 anos, seguida à risca pela companhia de abastecimento Cedae, no Rio: a adição de flúor na água varia de 0,6 a 0,8 miligramas por litro de água (ou partes por milhão). É o que garante Jorge Briard, diretor de Produção e Grande Operação da empresa.
- Em níveis abaixo de 0,6mg na água, o flúor não tem o efeito benéfico para a prevenção da cárie dental. É o que mostram os estudos específicos sobre a ação do flúor nos dentes. E acima de 0,8mg, qualquer excesso pode ser nocivo e levar à fluorese. Aqui no Brasil seguimos esta recomendação à risca. Nossos equipamentos são regulados para detectar alterações para mais ou para menos na quantidade de flúor na água - esclarece Briard. - Ao contrário do cloro, o flúor não é residual. A sua concentração é a mesma em todo o sistema.

Por falar em cloro, usado como desinfetante no sistema de abastecimento de água, Briard diz que ele não oferece risco à saúde do consumidor:
- Pela legislação brasileira, os valores de cloro residual podem variar de 0,2mg por litro a 5mg por litro. Mas a nossa média está longe desse limite. O cloro deixa efeitos residuais e sua quantidade na água se altera entre o reservatório e o abastecimento em casa. Mesmo assim, quem mora mais perto das redes de abastecimento chega ter até 2,5mg/l.

Ele garante que a água fornecida pela Cedae é de excelente qualidade. O problema é que muitos moradores e condomínios não fazem a limpeza correta e periódica de suas caixas d' água e seus reservatórios.
Para especialistas, a higienização das caixas e dos reservatórios é a melhor forma de garantir uma água de boa qualidade. E se tiver que usar filtro, é melhor optar pelo de carvão ativado, que retém mais resíduos, como cloro.

O dentista Mario Kruczan, da Sociedade Francesa de Periodontia e da Federação Europeia de Periodontia, defende a fluoretação na água. Ela foi responsável pela diminuição considerável dos índices de cáries no Brasil, que algumas regiões chegava a 60%, afirma.
- O índice de flúor aceito nas águas de abastecimento é de 0,7mg a 0,8mg por litro e deve ser muito bem monitorado para evitar a fluorose - alerta.

Fonte: Jornal O Globo, 21.10.2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Radar identifica tempestades em Minas Gerais

Está sendo instalado na cidade de Mateus Leme, Região Metropolitana de Belo Horizonte, o primeiro radar meteorológico de Minas. A expectativa é de que o equipamento entre em operação no final de novembro. Conforme o Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), responsável por operar a máquina, em parceria com a Cemig, o super radar é um instrumento para detectar a chegada de precipitações. É estimado que tenha um alcance de até 450 km, sendo que em um raio de, aproximadamente, 200 km, que inclui Juiz de Fora, será possível informar dados precisos, como a intensidade das tempestades, com até seis horas de antecedência.

Quando o radar estivem em funcionamento, o Igam poderá emitir alertas para os municípios com o objetivo de diminuir os riscos de catástrofes. O monitoramento será realizado em uma sala de controle, que também está sendo construída em Mateus Leme. Segundo o titular da Gerência de Planejamento Energético da Cemig, Marcelo de Deus Melo, o radar foi importado da Finlândia com recursos da própria empresa, configurando um investimento aproximado de R$ 10 milhões.

Equipes de operação estão sendo treinadas pelo Igam e devem estar prontas para trabalhar quando o radar estiver instalado. Os relatórios gerados a partir do equipamento serão disponibilizados no site do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge) e enviados também para a Defesa Civil do Estado, que fará o alerta aos municípios.

O radar meteorológico funciona por meio de ondas eletromagnéticas enviadas à atmosfera, que incidem nas gotículas de água ou gelo das nuvens e retornam as informações para a central. Ele consegue acompanhar a nebulosidade e identificar o tipo de nuvem e sua intensidade.

Tribuna de Minas, 21.10.2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Falta de água tratada em Juiz de Fora

Apesar de a Cesama ter apresentado índices considerados excelentes pelo Instituto Trata Brasil no que diz respeito ao tratamento de água (98%) e à coleta de esgoto (97%), uma parte dos cidadãos juiz-foranos ainda é privada destes serviços. No núcleo urbano de Caeté, no distrito de Sarandira, cerca de 80% da comunidade não recebe água tratada e não tem um sistema adequado de coleta de esgoto, que muitas vezes é jogado diretamente em córregos que cortam a região.

A água sai de um reservatório localizado em uma fazenda dos arredores e é distribuída na comunidade por meio de uma tubulação antiga. Segundo a presidente da Associação de Moradores, Sebastiana Alves, o sistema foi instalado na época do mandato de Melo Reis (1977-1982). O líquido não passa por tipo algum de tratamento e, muitas vezes, as residências chegam a ficar desabastecidas por dias.

É o que acontece na casa da dona de casa Inês Pinheiro, 45 anos. Pela manhã, ela se dirige com baldes a uma torneira na porta de sua casa, na Rua Luiz Gonzaga Merotto. "Tenho que garantir a água do dia, porque aqui em casa dificilmente chega, não tem jeito. Só consigo na torneira, porque ela fica em um ponto mais baixo." A rotina de Inês é a de muitos moradores da via. Mesmo racionando, a aposentada Maria das Graças de Souza Silva, 58, fica sem abastecimento. "Tem dois meses que preciso economizar, porque só 'cai' um pouquinho por dia. Às vezes, falta até para dar descarga, é um horror."

Além da escassez, a população reclama da qualidade da água que sai de seus canos e torneiras. "É suja, meio amarelada, quase marrom. Às vezes não dá nem para lavar roupa. Beber, nem pensar, acho que ninguém tem coragem", desabafa Marta Lúcia de Assis, 48, também residente da Rua Luiz Gonzaga Merotto. A situação na rua é agravada pelo lançamento de esgoto em um córrego que atravessa a região. Na casa ao lado do curso d'água, o odor às vezes fica insuportável. "Minha mãe mora ali, e em pleno verão, é preciso fechar as portas e janelas para aguentar ficar em casa, o cheiro é insuportável e deixa qualquer um enjoado", revela Marina Lúcia Gomes, 54.

A população de Caeté também está sujeita ao contágio de doenças pela ingestão ou contato com a água contaminada. Segundo o chefe do departamento de infectologia do Hospital Universitário (HU), Rodrigo Daniel de Souza, os surtos diarréicos estão entre as moléstias mais comuns em áreas carentes de tratamento de água, o que pode já estar acontecendo em Caeté. "Vez ou outra aparece alguém com o intestino ruim, dizendo que é virose. Mas pela quantidade de gente do mesmo lugar, deve ser a água que está ruim mesmo", diz Inês Pinheiro, 45. Como o esgoto é lançado diretamente nos mananciais, há risco da população ingerir água contaminada por coliformes fecais. "Como o abastecimento de água é precário, as pessoas podem recorrer a água de mina, sem saber a procedência." O médico alerta que o simples contato com a água infectada pode causar danos à saúde, como verminoses contraídas através da pele, alergias e outros problemas dermatológicos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Toddynho com pH de 13,3

Análises feitas pela Vigilância da Saúde do Rio Grande do Sul em produtos do primeiro lote de Toddynho com registros de problemas apontaram um pH de 13,3, índice que se aproxima ao de materiais como água sanitária e soda cáustica. A escala vai de 0 a 14, sendo os valores mais altos os considerados alcalinos.

Ontem, mais lotes do achocolatado foram apontados como causa de queimaduras por consumidores do Rio Grande do Sul, de acordo com a Vigilância do Estado.

O órgão recebeu mais sete notificações de pessoas que passaram mal ao beber o produto. No total, já foram registradas 29 queixas de queimaduras desde a semana passada, todas no Estado.

A PepsiCo, no entanto, reafirma que apenas um lote (L4 32), com 80 produtos no total, tem problemas --são os consumidores que afirmaram haver problemas em outros lotes do produto.

Todos os consumidores passam bem. Eles relatam que sofreram irritação e lesões na mucosa da boca. O produto, vendido em caixinhas de 200 ml, teve a comercialização suspensa em todo o Estado. Crianças são maioria entre as pessoas que tiveram reações, de acordo com a Vigilância da Saúde.

Só na cidade de Porto Alegre, foram registrados nove casos de pessoas que passaram mal. Há notificações em 12 cidades de várias regiões do Estado --até em municípios a mais de 300 km de Porto Alegre, como Erechim.

Com as reclamações sobre outros lotes, novas amostras do achocolatado estão sendo recolhidas e encaminhadas para análise em um laboratório do governo do Estado