domingo, 20 de abril de 2014

Clima de Desalento

O impasse internacional na questão do aquecimento do planeta nunca ficou tão claro quanto na terceira e última parte do Quinto Relatório de Avaliação (AR5) do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima). Um abismo separa as recomendações desse corpo de especialistas e a realidade da economia mundial.

Para os 235 autores de 57 países que finalizaram o relatório, o primeiro do IPCC desde 2007, os governos precisam tomar já medidas para diminuir as emissões de gases do efeito estufa. Até 2050, a redução teria de alcançar algo entre 40% e 70% sobre os níveis de 2010.

Sem isso, a atmosfera evoluiria para uma situação de alto risco. Haveria provável aumento na frequência de eventos climáticos extremos, como as secas que assolaram Nordeste e Sudeste do Brasil (para não falar da Califórnia e da Austrália), ou como as enchentes amazônicas no rio Madeira.

Convencionou-se que 2°C é o limiar de elevação da temperatura média global que seria imprudente ultrapassar. Para mitigar tais riscos é que se exigem as reduções aventadas pelo IPCC.
Idealmente, os cortes nas emissões já deveriam ter sido iniciados. Mas o processo de negociação da Convenção do Clima, aprovada em 1992 no Rio, andou muito mal até aqui. Divergências entre países ricos, emergentes e pobres sobre repartição de responsabilidades e custos da mitigação deram em becos sem saída.

Com isso, mais a revitalização dos combustíveis fósseis propiciada pelo boom do gás de xisto nos Estados Unidos, as emissões seguiram crescendo, em vez de cair. E, pior, num ritmo até mais rápido do que em décadas anteriores.

De 2000 a 2010, a taxa de incremento ficou em 2,2% ao ano. Nos três decênios anteriores, a média anual havia sido de 1,3%. Vale dizer, a economia mundial pisou mais fundo no acelerador do aquecimento global, mesmo com a crise de 2008/2009.

Para alcançar até 2050 a pretendida diminuição de emissões, ela teria de começar no máximo em 2020. Ora, se o mundo seguiu na contramão pelos últimos 22 anos, como esperar que em apenas seis possa reverter tal curso, em especial quando a Europa e boa parte dos países pelejam para reviver economias que patinam?

O corte nas emissões exige nada menos que uma revolução energética, em direção às fontes renováveis. Não é algo que se possa obter em uma ou duas décadas, sobretudo porque demandará investimentos que poucas nações se acham em condições de realizar.

Fonte: Folha de S. Paulo, editorial, 20.4.2013

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Avanços na implementação da Agenda 21 no Brasil

Mesmo antes de sua realização, há um desânimo geral quanto aos possíveis resultados que podem advir da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20. Esse desânimo é acarretado pela percepção de que há poucos resultados concretos na coordenação internacional e na implementação de políticas ambientais globais vinte anos após a realização da Rio – 92. Aquela conferência teve como um de seus resultados a elaboração da Agenda 21 Global, um programa contendo recomendações de como acelerar a substituição dos atuais padrões de desenvolvimento vigentes na direção de um novo paradigma.

O Brasil publicou, em 2002, a Agenda 21 Brasileira, na busca por internalizar, nas políticas públicas do país e em suas prioridades regionais e locais, os valores e princípios do desenvolvimento sustentável. Para tanto, foram assumidos 21 objetivos de sustentabilidade, que deveriam ser incorporados de forma transversal às políticas públicas nacionais. Em outra frente, o governo federal – nos Planos Plurianuais (PPAs) 2004-2007 e 2008-2011 – criou o Programa Agenda 21, cujo objetivo era induzir e monitorar a incorporação dos 21 objetivos nas políticas do governo federal, bem como fomentar fóruns regionais, estaduais e municipais de Agenda 21. Esses fóruns atuam por meio de parcerias entre governo, setor privado e sociedade civil, em construção participativa para a definição de políticas públicas adequadas às diferentes localidades. Assim, não só as diretrizes nacionais, mas também as subnacionais seriam reformuladas de acordo com o princípio da sustentabilidade.

Às vésperas da Rio + 20, podemos afirmar que não houve avanços significativos na implementação da Agenda 21 no Brasil. Seus objetivos não foram incorporados nas políticas públicas nacionais – que continuam fragmentadas e pouco afeitas ao paradigma do desenvolvimento sustentável. Uma evidência disso é que os programas do governo federal em voga no PPA raramente mencionam a Agenda 21 como elemento base para sua construção.

Após o boom gerado pela publicação da Agenda 21 brasileira, o número de municípios que informaram ter iniciado o processo da Agenda 21 local caiu de 1.652 para 1.105 entre 2002 e 2009, uma redução de 33%. Isso mostra que a maior parte desses processos não obteve continuidade no longo prazo, sendo vulneráveis a mudanças políticas. Em pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (2011), se percebe que os processos de locais são amplamente dependentes da vontade política dos governos. Há problemas de representatividade nos fóruns e déficits com relação à disponibilidade de recursos para execução de políticas de desenvolvimento sustentável. Pelo seu limitado alcance e sucesso, o programa Agenda 21 perdeu importância e chega desacreditado à Rio + 20.

No entanto, o objetivo declarado da conferência é o mesmo que pautou a elaboração da Agenda 21: “definir aagenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas”. A lógica de realização e os produtos esperados para o evento não são novos, esperando-se “renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável”. No entanto, a utilidade prática de renovar compromissos políticos e constituir uma nova agenda de objetivos para a sustentabilidade é duvidosa, tendo em vista os parcos resultados dos compromissos políticos pactuados em 1992.

No âmbito internacional, a política ambiental é conhecida por não contar com mecanismos de sanção ou incentivos necessários para garantir uma ação coletiva coordenada entre os entes nacionais. O dilema das mudanças climáticas e os déficits de implementação de acordos internacionais, como a Agenda 21, o protocolo de Kyoto e a Convenção da Biodiversidade são ilustrativos da pouca efetividade em torno do tema. Corre-se o risco de repetirmos uma conferência que institucionaliza diversos conceitos e modelos politicamente corretos, sem que haja avanços concretos nos mecanismos que garantam a concretização dessa nova agenda da sustentabilidade.

A esperança repousa no tema intitulado “a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”. A pergunta-chave é como garantir um conjunto de sanções e incentivos para afiançar que os compromissos políticos sejam implementados. É necessário também que se definam responsabilidades claras para a coordenação e a articulação de atores governamentais, do setor privado e da sociedade civil. Para além de atualizar conceitos e renovar uma agenda de compromissos, o gargalo atual da questão ambiental está fundamentalmente relacionado à sua estrutura de governança. Reformular essa estrutura é tarefa demasiado complexa e seria ilusório acreditar que isso será resolvido em apenas uma conferência. Mas é necessário dar o primeiro passo. Se isso for feito, a Rio + 20 poderá alcançar relativo sucesso.

Fonte: Igor Ferraz da Fonseca, 2012.


Unidade 4: Agenda 21

1. O que é a Agenda 21 Global?

2. O que é e como foi construída a Agenda 21 Brasileira?

3. Cite três princípios para construção da Agenda 21 de um município ou região.

4. Cite três diretrizes do Plano de Implementação da Rio+10.

5. Qual a relação entre as empresas privadas e a produção e o consumo sustentável?


6. Identifique uma ação ou projeto da Prefeitura de Juiz de Fora que você considere sustentável e outro que seja insustentável. Justifique a resposta.
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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Brasil - 2012

Os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – IDS 2012, que o IBGE lança durante a Rio +20, traçam um panorama do país, em quatro dimensões: ambiental, social, econômica e institucional. Os 62 indicadores, produzidos ou reunidos pelo IBGE, mostram ganhos e fragilidades. Entre os ganhos, incluem-se: a redução, em seis anos, de cerca de 77% no desflorestamento bruto anual da Amazônia Legal, o aumento do número de áreas protegidas, a queda da mortalidade infantil, pela metade, em uma década, e o acesso crescente às redes de água e esgoto e aos serviços de coleta de lixo. Entre as fragilidades, temos a permanência das desigualdades socioeconômicas e de gênero. Perto da metade dos indicadores aponta resultados favoráveis, parte deles com algum tipo de ressalva. Assim, a maioria dos poluentes do ar, em áreas urbanas, registrou tendência estacionária ou de declínio, mas os valores ainda são altos em algumas cidades e regiões metropolitanas, acima até dos padrões estabelecidos. Um dos maiores desafios é o do saneamento, cujos valores de coleta, destinação ou tratamento adequado de água, esgoto e lixo, em parte ainda baixos, interagindo com outros indicadores, apontam para consequências como persistência do elevado número de internações por doenças ligadas à falta de saneamento básico, mais comuns no Norte e no Nordeste. Ou as ameaças crescentes aos biomas e espécies brasileiras sob perigo de extinção. Os níveis de reciclagem são elevados, embora mais associados à atividades de catadores do que a coleta seletiva. As taxas de homicídios e de acidentes de transportes ainda são altas no Brasil.
A reflexão sobre o meio ambiente abre a pesquisa. No levantamento de 20 indicadores que avaliam diretamente a qualidade do ar, terras e águas, a Dimensão Ambiental do IDS – 2012 retoma temas de debate constante, como o do uso de agrotóxicos. Mas, a complexidade da questão ecológica também pode ser avaliada no âmbito de um tema menos explorado, o das espécies invasoras, que podem se transformar ainda em pragas agrícolas ou vetores de doenças, tal como aconteceu com o mosquito da dengue, originário da África.
A publicação completa dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IDS 2012 está disponível na páginawww.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/default_2012.shtm
Dimensão Ambiental: no período 1992-2010, 90% de redução do consumo das substâncias destruidoras da camada de ozônio
O IDS reúne, sob o tema “Atmosfera”, indicadores para efeito estufa, destruição da camada de ozônio e poluição do ar.
Quanto ao primeiro, os levantamentos registram crescimento mais lento nas emissões. Entretanto, os desmatamentos na Amazônia e as queimadas nos cerrados somam mais de 50% do total de emissões líquidas. Ressalte-se que a destruição de florestas e outras formas de vegetação nativa respondem por mais de 75% das emissões líquidas de CO2.
Em relação às substâncias destruidoras da camada de ozônio, das 11.099 t PDO (tonelada de Potencial de Destruição da Camada de Ozônio), em 2000, o consumo caiu para 1.208 t PDO, em 2010. Nesses dez anos, decresceu também, bastante, o consumo do produto mais perigoso: o CFC (clorofluorcarbono): de 9.278 t PDO para -14 t PDO (o número negativo representa exportação ou destruição de estoques remanescentes); paralelamente, crescia o consumo de compostos alternativos menos agressivos, com destaque para os HCFCs (hidroclorofluorocarbonos), de 623 t PDO para 1.240 t PDO.
Sobre a concentração de poluentes do ar em áreas urbanas, houve uma redução mais acentuada das partículas totais em suspensão (PTS) e das inaláveis (PM10), mas os valores, por vezes, ainda ultrapassam os estabelecidos pelo Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente (240 e 150 microgramas por metro cúbico - µg/m3 -, respectivamente).
Agrotóxicos e Fertilizantes: vantagens e desvantagens do uso
Seis indicadores remetem ao tema terra: uso de fertilizantes, de agrotóxicos, áreas agropastoris, queimadas e incêndios florestais, desflorestamento da Amazônia e desmatamento nos biomas extra-amazônicos.
O modelo de desenvolvimento da agricultura brasileira, centrado em ganhos de produtividade, tem gerado aumento crescente do uso de fertilizantes e agrotóxicos. Em 2010, a quantidade comercializada de fertilizantes foi de 155Kg/ha, das quais 43,7kg/ ha de nitrogênio, 51,8 kg/ha de fósforo e 59,6kg/ha de potássio. O Sudeste apresentou a maior comercialização de fertilizantes por unidade de área (208,1kg/ha), acima da média brasileira.
Entre os agrotóxicos, os herbicidas respondem por mais de 50% do consumo (quantidade entregue ao comércio e não diretamente aos produtores). Em 2009, o consumo de agrotóxicos foi de 3,6 Kg/ha. Agrotóxicos e fertilizantes aumentam a produtividade da agricultura, mas também podem apresentar danos ao meio ambiente e a saúde da população.
Os dados sobre terras agrossilvipastoris mostram que o crescimento das áreas de lavouras e pastagens plantadas sobre as pastagens naturais, ao tempo em que representa aumento de produção por unidade de área, reduzindo a pressão sobre o recurso solo, significa maior uso de fertilizantes e agrotóxicos e maior possibilidade de contaminação ambiental. Em 2010, a área plantada total do Brasil ficou em 65.371.447 ha, o que corresponde a 7,7% da superfície total.
Desflorestamento da Amazônia cai. Na Mata Atlântica, sobram menos de 12% de área florestal
Uma das principais ameaças aos ecossistemas brasileiros vem das queimadas e incêndios florestais, mas o número de focos de calor detectados pelos satélites, em 2011, caiu quase 50% em relação a 2010: 61.687 contra 133.133. A concentração mais extensa e recorrente ocorre no “Arco do Desflorestamento e das Queimadas”, ao sul e leste da Amazônia Legal - Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão (oeste) e Mato Grosso.
A partir do ano de 2004 observa-se uma tendência de queda no desflorestamento da Amazônia como um todo, com oscilações em alguns estados. Desde 2004, a área desflorestada anualmente caiu de mais de 25000 Km² para menos de 10000 Km² atualmente. Apesar dessa redução nos últimos anos, a área desflorestada se aproxima hoje dos 20% da área florestal original da Amazônia.
A situação nos biomas extra-amazônicos não é menos crítica: da Mata Atlântica, restavam, em 2010, 12% de uma área total de 128.898.972 ha; os 113.923.019 desmatados foram substituídos por áreas agrícolas, pastoris e urbanas. As taxas são elevadas em todas as unidades da federação, sendo que, em termos relativos, Goiás apresenta a maior (95%) e Santa Catarina, a menor (77%). Dos demais biomas, o Pampa apresenta o maior percentual de desmatamento 54% (dados de 2009), seguido pelo Cerrado que, em 2010, fora desmatado em 49%. Na Caatinga, até 2009, eram 46%, cabendo o menor valor relativo ao Pantanal, com 15%.
Demanda bioquímica de oxigênio dos rios brasileiros que cortam grandes áreas urbanas é alta, reflexo de deficiências do saneamento básico no Brasil
Dois indicadores medem a qualidade das águas doces brasileiras: a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e o Índice de Qualidade da Água (IQA). Os altos valores de DBO e baixos de IQA, nos trechos de rios que cortam zonas metropolitanas, como o Tietê (São Paulo) ou o Iguaçu (Curitiba), refletem o reduzido percentual de tratamento dos esgotos coletados e lançados em águas interiores (rios e represas). De modo geral, houve uma pequena melhoria nos últimos anos: 77,3% dos pontos de monitoramento do Nordeste, 80% dos pontos do Sul e 80,6% dos pontos do Sudeste têm valores médios dentro do padrão do Conselho Nacional do Meio Ambiente (0 a 5,0mg/l). Quanto ao IQA, 68,0% dos pontos do Nordeste, 71,4% do Sul e 74,3% do Sudeste apresentavam boa qualidade de água.
Já o indicador de balneabilidade utiliza a quantidade de bactérias presentes na água das praias, para considerá-las próprias ou impróprias para o banho. Observou-se tendência de melhoria em alguns locais, tais como Porto da Barra e Farol da Barra, em Salvador (BA), Toninhas, em Ubatuba (SP) e Balneário Camboriú (SC). Em 2010, 24% da população residia em áreas costeiras, com maior concentração no Sudeste e no Nordeste, especialmente entre Vitória (ES) e Santos (SP) e na costa oriental nordestina, entre Salvador (BA) e Natal (RGN).
Fauna e flora têm mais de mil espécies ameaçadas, 544 só na Mata Atlântica
A fauna brasileira tem 627 espécies ameaçadas de extinção, metade das quais “vulnerável”, ou seja, com risco de extinção na natureza, a médio prazo. Aves, peixes de água doce e insetos são os grupos de maior risco: 160,142 e 96 espécies ameaçadas, respectivamente (dados de 2005). A flora possui 461 espécies ameaçadas. As espécies arbóreas são as mais vulneráveis, pois, além do desmatamento e das queimadas, o crescimento relativamente lento dificulta a recuperação natural da destruição provocada pela atividade madeireira. A Mata Atlântica apresenta o maior número de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção (275 e 269, respectivamente), seguida pelo Cerrado (131 da flora e 99 da fauna) e pela Amazônia (118 espécies da fauna e 24 da flora).
Cresce o número de áreas protegidas, sobretudo as de uso sustentável
No esforço de manutenção da biodiversidade, é fundamental a delimitação de áreas protegidas - Unidades de Conservação (UCs) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) -, onde a exploração dos recursos naturais é proibida ou controlada por legislação específica. As UCs podem ser: de Proteção Integral (parques nacionais, reservas biológicas, etc), onde é proibida a presença de populações permanentes e vedadas as atividades econômicas; ou de Uso Sustentável (como as APAs – Áreas de Proteção Ambiental e as reservas extrativistas), em que é permitida a presença de populações tradicionais. As RPPNs são de propriedade privada, com atividades de baixo impacto, a exemplo do ecoturismo.
O país contava, em 2011, com 310 UCs (750.475 km2, excluídas as UCs marinhas, que somam 14. 349 km2), abrangendo 8,8% do território nacional e 574 RPPNs (4.728 Km2). A Amazônia detém a maior área protegida, com 16% de sua área total em UCs, das quais 8% de proteção integral, abrigando também as maiores UCs em extensão. Na maior parte dos biomas, entretanto, a área protegida é relativamente pequena e fragmentada, ficando abaixo da média mundial, de 5%. As RPPNs estão concentradas no Centro-Oeste, com 61,7% da área total ocupada por essas reservas, sobretudo nos estados de Mato Grosso (36,6%) e Mato Grosso do Sul (18,4%).
Além da destruição e fragmentação do habitat e das práticas de extração (caça, captura e coleta), sobressai, entre as principais causas de perda da biodiversidade, a introdução e dispersão de espécies exóticas invasoras. Elas são responsáveis também por prejuízos econômicos diretos e imediatos, como no caso do mexilhão dourado. Em 2010, foram registradas 330 espécies invasoras no Brasil, terrestres e aquáticas, das quais 180 animais - com predomínio de peixes (60) e mamíferos (18) - e 146 vegetais – com maior número de árvores (58), seguindo-se ervas e gramíneas (47).
Mais de 40% das espécies são originárias da Ásia (26,1%) e da África (15,5%), mas o Brasil também aparece como país de origem no segundo lugar da lista, reunido à América do Sul e à América Tropical (18,5%, os três juntos). O sagui-estrela é um exemplo de invasor brasileiro: originário do Nordeste, foi levado para as matas do Centro-Sul como animal de estimação e compete hoje com os micos locais. As espécies invasoras se encontram dispersas por todo o país e 60% dos municípios têm registro da ocorrência de pelo menos uma delas.
Redes de água e esgoto se expandem no País, mas ainda apresentam deficiências
Acesso a sistema de abastecimento de água, acesso a esgotamento sanitário e tratamento do esgoto, coleta e destinação final do lixo são os indicadores de saneamento.
A análise do acesso à rede geral de água mostra que tem crescido continuamente o percentual da população com abastecimento adequado: 93,1% na zona urbana em 2009. Os números eram mais altos no Sudeste (97,1%) e no Sul (95,3%), seguindo-se Nordeste (92,0%), Centro-Oeste (91,6%) e Norte (68,7%). Destacam-se o estado de São Paulo (99,3% da população urbana) e, no extremo oposto, o de Rondônia (49,2%). Na zona rural, 32,8% dos moradores têm acesso à rede geral. Este percentual é baixo porque predomina o abastecimento por poços ou nascentes (55,3%) e outras formas (11,9%).
Quanto ao esgotamento sanitário, em 2009, cerca de 80% dos moradores em áreas urbanas e 25% na área rural eram providos de rede geral coletora de esgoto ou fossa séptica. No período estudado, 1992 a 2009, observou-se contínuo crescimento do percentual de domicílios urbanos atendidos por rede coletora, vindo, à frente, no último ano do período, São Paulo (91,1%), Distrito Federal (89,4%) e Minas Gerais (89,1%), e, nas últimas colocações, Rondônia (5,2%), Pará (2,7%) e Amapá (1,1%).
Nas áreas rurais, onde predomina - e ainda aumenta (7,3% em 1992 e 19,5% em 2009) – o atendimento por fossa séptica, São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro têm os maiores percentuais de rede coletora: 44,3%, 22,6% e 17,9%, respectivamente. Os menores, de apenas 0,5%, encontraram-se no Rio Grande do Sul, Tocantins e Paraíba.
Não basta, entretanto, coletar o esgoto, é preciso tratá-lo, pois, entre outros danos, a ausência de tratamento adequado favorece a emissão de gases de efeito estufa, especialmente de metano. Em dez anos (1995-2005), o percentual de esgoto tratado, em relação ao coletado, passou de 8,7% para 61,6%, mantendo-se nesse patamar, de 2006 a 2008, quando atingiu 66,2%. Em 2008, as regiões com maiores percentuais de tratamento foram Centro-Oeste (88,9%), Nordeste (86%) e Sul (78,8%). O Sudeste tratava apenas 58,5% dos esgotos coletados. É importante lembrar que os números apresentados se referem ao percentual de esgoto tratado em relação ao coletado. Portanto, alguns dos valores elevados podem ser decorrência de uma baixa coleta de esgotos.
Coleta de lixo para quase toda a população urbana (98,2%), mas com muita desigualdade regional na destinação
O indicador de acesso a serviço de coleta de lixo doméstico apresenta resultados mais favoráveis ao desenvolvimento sustentável que os demais indicadores de saneamento. Em 2009, 98,2% dos moradores em áreas urbanas tiveram seu lixo coletado.
Mas, tal como ocorre com os esgotos, apenas a coleta não é capaz de eliminar efeitos nocivos, como a poluição do solo e das águas, causada pelo chorume, líquido formado em depósitos de lixo não controlados. Entre os anos de 1989 e 2008, houve um crescimento de pouco mais do dobro da quantidade de lixo com destinação final adequada, tendo passado de 28,8% para 66,4%; as formas inadequadas (lançamento, em estado bruto, em vazadouros ou áreas alagadas e outros destinos, como a queima a céu aberto) caíram quase na mesma medida: de 71,2% para 33,6%. O percentual de lixo coletado e adequadamente disposto – para o que contribuem a coleta seletiva, a reciclagem e a compostagem do lixo orgânico era maior, em 2008, no Sul e Sudeste (respectivamente, 81,8% e 82,9%) e menor no Norte (36,1%), Nordeste (44,3%) e Centro-Oeste (29,5%).
Dimensão Econômica: aumentam reciclagem e consumo de energia, mas sobe participação de fontes não renováveis na produção energética
Os 12 indicadores da dimensão econômica do IDS 2012 tratam do desempenho macroeconômico e financeiro do país e dos impactos no consumo de recursos naturais (minerais e energia). São abordados aspectos relacionados ao uso e participação das fontes energéticas (renováveis e não renováveis) assim como a produção e o gerenciamento de resíduos provenientes do consumo e da geração de energia. A seguir, os principais destaques.
Consumo de energia per capita alcança o patamar mais alto em oito anos: 52,9 GJ/hab
Em 2010, o consumo de energia per capita (o que cada brasileiro consumiu de energia por ano) alcançou 52,9 gigajoules por habitante (GJ/hab). Foi o maior índice desde o início da série histórica, em 1992, ultrapassando 2008, até então o maior (50 GJ/hab), após uma redução para 48,3 GJ/hab, em 2009. O aumento no consumo está relacionado ao grau de desenvolvimento do país e ao maior acesso a bens de consumo essenciais e a serviços de infraestrutura. A eficiência no uso da energia na economia brasileira tem se mantido estável, devido ao crescimento quase em paralelo do consumo de energia e do PIB ao longo dos anos.
A participação das fontes renováveis na produção de energia é de 45,5%
Em 2010, 45,5% da energia utilizada no Brasil era oriunda de fontes renováveis, que podem fornecer energia continuamente, se adotadas estratégias de gestão sustentável, no entanto, a matriz energética brasileira ainda é dependente, em parte, de fontes não renováveis. Foi observado um ligeiro aumento de participação do gás natural (de 8,7% em 2009 para 10,8% em 2010) e do carvão mineral e derivados (de 4,7% para 5,2%), enquanto a participação de petróleo e derivados permaneceu estável (37,9% em 2009 e 37,6% em 2010), bem como a de urânio e derivados (1,4% nos dois anos).
A participação das principais fontes renováveis no total da oferta de energia tem se mantido estável nos últimos anos, com ligeira queda de 2009 para 2010: derivados da cana-de-açúcar (de 18,2% para 17,8%), hidráulica e eletricidade (de 15,2% para 14,0%) e lenha e carvão vegetal (de 10,1% para 9,7%).
Em 2010, as reservas de petróleo e gás natural foram consideradas suficientes, com vida útil estimada em 19 anos para o petróleo e 18 anos para o gás. Podem ocorrer oscilações nas próximas avaliações da vida útil do petróleo, devido às descobertas recentes de petróleo na camada do pré-sal.
Reciclagem de alumínio chegou, em 2009, ao mais alto valor desde 1993: 98%
O alumínio permaneceu como destaque da reciclagem nacional, com percentual de 98,2% em 2009, o mais alto da série histórica iniciada em 1993. Esse valor elevado reflete o alto valor de mercado da sucata de alumínio. No Brasil, a reciclagem é uma alternativa econômica para a população de baixa renda. O papel, o vidro, a resina PET e as latas de aço, de mais baixo valor de mercado, apresentam índices de reciclagem entre 47% e 55%, menores que as latas de alumínio, apesar de continuarem em ritmo de crescimento. As embalagens cartonadas e tetrapak permanecem no patamar mais baixo da reciclagem, com queda registada de 26,6% em 2008 para 22,2% em 2009. A necessidade de separar os materiais componentes (papel, alumínio, plástico) é um fator que dificulta a reciclagem desse tipo de embalagens. A melhor forma de ampliar os níveis de reciclagem de materiais no Brasil é ampliar a coleta seletiva.
Dimensão Institucional: organizações da sociedade civil apresentam forte crescimento, 270%
Os nove indicadores da dimensão institucional do IDS 2012 dizem respeito à capacidade de organização e esforços institucionais despendidos por governos e pela sociedade na execução das mudanças requeridas para uma efetiva implementação do desenvolvimento sustentável. Os principais estão destacados a seguir.
Número de organizações da sociedade civil, em nove anos, passa de 66,5 para 184,4 (por cem mil habitantes)
De 1996 a 2005, observou-se um forte crescimento no número de organizações da sociedade civil por 100 mil habitantes, passando de 66,5 para 184,4, aumento de aproximadamente 270%. São consideradas organizações da sociedade civil as fundações privadas e as associações sem fins lucrativos. A maior concentração de organizações estava no Sul (287,3), seguido do Sudeste (184,5), Centro-Oeste (166,3), Nordeste (155,6) e Norte (112,1). No Sudeste e no Centro-Oeste, a maioria das organizações é de cunho religioso (62,3 e 51,9, respectivamente); no Sul, destacam-se as organizações de cultura e recreação (61,3); no Norte, as associações patronais e profissionais; e no Nordeste, as organizações de desenvolvimento e defesa dos direitos dos cidadãos.
Recursos hídricos: cresce número de municípios que participam de comitês de bacias hidrográficas (61,1%, em 2009)
A participação de municípios em Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH), que tratam da gestão dos recursos hídricos, vem aumentando no país: passou de 46,8% em 2002 para 61,1% em 2009. Em relação às grandes regiões, o Sudeste e o Sul apresentaram, respectivamente, 85,6% e 63,6% dos municípios com participação em CBH, acima, portanto, da média nacional. As regiões Norte (24,9%), Centro-Oeste (44,6%) e Nordeste (49,8%) apresentaram os menores percentuais de participação municipal.
Também se observou um aumento na proporção de municípios com conselhos de meio ambiente ativos (que se reuniram pelo menos uma vez em 12 meses), passando de 22,3% em 2001 para 39,9% em 2009. O Rio de Janeiro é o estado que possuía a maior proporção de municípios com conselhos ativos, 71,7%. Já o Piauí contava apenas com 5,8%.
Estes resultados mostram o crescente interesse da sociedade e do Poder Público na gestão dos recursos naturais.
Em sete anos, caíram iniciativas de Agenda 21 Local, de 50,6% para 41,2%
De 2002 a 2009, a proporção de municípios que possuíam iniciativas de Agenda 21 Local caiu de 50,6% para 41,2%, indicando que algumas Agendas 21 iniciadas não foram adiante. Já em relação à instalação do Fórum da Agenda 21 Local, a proporção aumentou de 22,9% para 30,1% em 2009, deduzindo-se daí que muitos municípios criaram primeiro o Fórum para depois iniciar o processo de implantação da Agenda 21. Regionalmente, o Sudeste e o Nordeste apresentaram os maiores percentuais, com respectivamente 51,4% e 42,2% da população residindo em municípios com Agenda 21 Local. Com menores percentuais aparecem o Norte (24,6%) e o Centro-Oeste (19,6%). O Sul aparece de forma intermediária (29,4%), mas ainda distante da proporção nacional.
Entre 2005 e 2009, articulações interinstitucionais nos municípios cresceram 0,65% ao ano
Em 2005, o Brasil alcançava 6,4% do total de articulações interinstitucionais possíveis, segundo os critérios da pesquisa. Em 2009, chegou a 9%, crescendo, em média, 0,65% ao ano. Foram considerados cinco tipos de articulações: consórcio público intermunicipal, consórcio público com o Estado, consórcio público com o Governo Federal, convênio de parceria com o setor privado e apoio do setor privado ou de comunidades.
Entre as unidades da federação, as que apresentaram maior número de articulações em 2009 foram Rio de Janeiro (15,8%, onde prevalecem as articulações intermunicipais e as parcerias com o setor privado), Espírito Santo (15,5%, com predomínio de articulações intermunicipais e com o estado) e Mato Grosso do Sul (14,3%, em sua maioria articulações com o estado e com o governo federal). No outro extremo estavam o Amapá e o Piauí, que não alcançaram 4% do total de articulações possíveis.
Dimensão Social: desigualdades regionais, por gênero e cor ou raça ainda se mantêm, apesar dos avanços sociais
Os indicadores da dimensão social avaliam a satisfação das necessidades humanas, melhoria da qualidade de vida e justiça social. Eles abrangem os temas população; trabalho e rendimento; saúde; educação; habitação e segurança. Os dados do IDS 2012 apontaram avanços na maior parte dos 21 indicadores. Alguns fatos são destacados a seguir.
Desocupação cai, mas disparidades por gênero e cor ou raça persistem no mercado de trabalho
A taxa média anual de desocupação das seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre, vem caindo desde 2003 (12,3%), com oscilações até 2010, quando foi observada a taxa de 7,0%. Apesar disso, as desigualdades permanecem no mercado de trabalho. Em média, uma mulher recebe menos de 70% do rendimento médio mensal masculino (R$ 865,00 contra R$ 1.292,00). As disparidades por cor ou raça são ainda maiores, com pretos (R$ 802,00) e pardos (R$ 789,00) recebendo menos de 60% do rendimento dos brancos (R$ 1.378,00). Em 2009, a proporção de mulheres de 16 anos ou mais, ocupadas em trabalhos formais, chegou a 48,8% do total de mulheres nessa faixa etária. O mercado formal tem ampliado a incorporação da população feminina, tendo em vista que, em 1992, esse percentual era de 40,9%.
Mortalidade infantil cai pela metade em uma década
A taxa de mortalidade infantil caiu de 29,7‰ (por mil) em 2000 para 15,6‰ em 2010, uma diminuição de 47,5%. As regiões Nordeste e Norte apresentaram taxas superiores à nacional (18,5‰ e 18,1‰, respectivamente), enquanto Sul (12,6‰), Sudeste (13,1‰) e Centro-Oeste (14,2‰) encontram-se abaixo da média brasileira. Esta queda tem relação, entre outros fatores, com o controle da desnutrição, que atingia 18,4% das crianças em 1975, chegando a 2,8% em 2009, redução de, aproximadamente, 88%. A vacinação também contribuiu para a melhoria no indicador, tendo a BCG alcançado 100% de cobertura vacinal das crianças de até um ano de idade desde 1995. O indicador fornece a frequência de óbitos menores de um ano para cada 1.000 nascidos vivos.
Internações por doenças ligadas à falta de saneamento são mais comuns no Norte e Nordeste
Mesmo apresentando tendência de declínio a partir de 1993 (732,8 por 100 mil habitantes), o número de internações por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (DRSAI) ainda é elevado. Em 2010, ocorreram 320,6 casos por 100 mil habitantes, uma redução de aproximadamente 50%. Enquanto na região Norte, 691 pessoas foram internadas para cada 100 mil habitantes, no Sudeste esse número chegou a 121, em 2010. Em relação aos estados, alguns atingiram valores superiores a 900 (Pará e Piauí), enquanto em São Paulo foram 88,4 internações por 100 mil habitantes, o menor valor do país.
Percentual da população adulta com ensino fundamental incompleto cai
Entre 1992 e 2009, houve aumento de 59,7% para 85,2% na taxa de frequência bruta à escola dos estudantes de 15 a 17 anos. A taxa de frequência bruta mede o percentual de jovens de 15 a 17 anos, independente do nível educacional que estão cursando. Porém, em 2009, o percentual daqueles que efetivamente cursavam o ensino médio, ou seja, daqueles que cursavam o nível adequado a sua idade (taxa de frequência líquida), foi 50,9%. As desigualdades por cor ou raça também diminuíram no período. Em 1992, a taxa de frequência bruta dos brancos (64,8%) era 13,4 pontos percentuais superior à dos pretos (51,4%) e 10 pontos percentuais acima da dos pardos (54,8%). Em 2009, as taxas dos pretos (84,7%) e pardos (83,8%) foram inferiores às dos brancos (86,9%) em 2,2 e 3,1 pontos percentuais, respectivamente. As taxas de frequência líquida apontaram desigualdades: enquanto os brancos alcançaram 60,3%, os pretos e os pardos registraram 43,5%, uma diferença de 16,8 pontos percentuais.
O mesmo período registrou aumento na taxa de alfabetização, passando de 82,8% para 90,3%. Isto significa que, em 2009, os analfabetos totalizavam 9,7% da população de 15 anos ou mais de idade, aproximadamente, 14,1 milhões de pessoas. Os brancos de 15 anos ou mais de idade (94,1%) são mais alfabetizados do que os pretos (86,7%) e os pardos (86,6%), mas as diferenças vêm se reduzindo ao longo do tempo. Em 1992, a diferença era de 15 pontos percentuais e, em 2009, 7,4 pontos.
A publicação também registrou diminuição da população de 25 a 64 anos com menos de oito anos de estudo (ensino fundamental incompleto), que declinou 24,1 pontos percentuais no período analisado, caindo de 68,8% em 1992 para 44,7% em 2009. Este ainda é o grupo predominante, uma vez que 24,8% das pessoas nessa faixa etária tinham 11 anos de estudo (ensino médio completo) e 16,4%, 12 anos ou mais de estudo (superior, completo ou não).
Rondônia tem 11,9% de domicílios adequados; no DF são 80,6%
O número de domicílios adequados (com até dois moradores por dormitório e que possuem os serviços de coleta de lixo, abastecimento de água por rede geral e esgotamento sanitário por rede coletora ou fosse séptica) cresceu entre 1992 e 2009, passando de 36,8% para 56,8%. Entre os indicadores de saneamento, a coleta de lixo e a rede geral de água estão presentes em um número maior de domicílios (87,9% e 84,4%, respectivamente) do que o esgotamento sanitário adequado, oferecido a 72,3% dos domicílios. Por isso, a proporção de moradias adequadas no País não é maior. As regiões Norte, Centro-Oeste (com exceção do Distrito Federal) e Nordeste apresentaram médias inferiores à nacional. Enquanto no Sudeste 72,5% dos domicílios são considerados adequados, na região Norte, esta proporção cai para 26,7%.
Taxas de homicídios do país são elevadas, decorrência da alta e crescente taxa na população masculina
No período de 1992 a 2009, ocorreu um aumento no coeficiente de mortalidade por homicídios, de 19,2 para 27,1 homicídios por 100 mil habitantes. Os valores relativos aos homens são consideravelmente superiores aos das mulheres, dez vezes maiores em média. As mortes por homicídios afetam a esperança de vida, que se reduz devido às mortes prematuras, sobretudo, de jovens do sexo masculino.
As regiões Norte (33,8/100 mil hab.), Nordeste (33,4/100 mil hab.) e Centro-Oeste (32,4/100 mil hab.) apresentaram, em 2009, os maiores coeficientes de mortalidade por homicídios. O Sudeste, no mesmo ano, registrou o mais baixo índice do país (21,8/100 mil hab.). Entre os estados, Alagoas (59,3/100 mil hab), Espírito Santo (56,9/100 mil hab.) e Pernambuco (44,9/100 mil hab.) atingiram as proporções mais elevadas. As menores taxas foram registradas no Piauí (12,4/100 mil hab.), Santa Catarina (13,4/100 mil hab.) e São Paulo (15,8/100 mil hab.).
O coeficiente de mortalidade por acidentes de transporte tem se mantido elevado durante todo o período. O ano de 2000 registrou o menor número de óbitos por 100 mil habitantes da série histórica (17,4), enquanto o ano com maior número de ocorrências foi 1996 (22,6). Em 2009, houve redução no índice, que passou para 20,1 óbitos por 100 mil habitantes, sendo os óbitos masculinos aproximadamente quatro vezes superiores ao das mulheres. Em 2009, ocorreram 33,3 óbitos por 100 mil homens, enquanto o coeficiente de óbitos entre as mulheres foi de 7,3 para cada 100 mil. As maiores taxas foram verificadas nas regiões Centro-Oeste (29,3/100 mil hab.) e Sul (25,6/100 mil hab.), que apresentaram em 2009 valores superiores à média brasileira de 20,1 óbitos por 100 mil habitantes. Os estados com o maior número de óbitos por 100 mil habitantes na população masculina foram Mato Grosso (58,2), Tocantins (57,6) e Rondônia (57,2). As taxas femininas foram maiores em Roraima (16,1), Tocantins (13,8), Mato Grosso (12,8) e Mato Grosso do Sul (12,6).

Unidade 3: Desenvolvimento Sustentável

1. O que é desenvolvimento sustentável?

2. Cite três exemplos de requisitos para a implantação do desenvolvimento sustentável.

3. Quais elementos formam o tripé básico do desenvolvimento sustentável?

4. Cite três exemplos de medidas que devem ser tomadas pelos países comprometidos com o desenvolvimento sustentável.

5. No último dia 31 de março, fez 50 anos da implantação do Regime Militar no Brasil que administrou o país por 21 anos. O regime militar adotou o desenvolvimento sustentável como princípio de governo? Por quê?


6. Identifique uma ação ou projeto do governo brasileiro que você considere sustentável e outro que seja insustentável. Justifique a resposta.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Conclusões do segundo capítulo de um relatório sobre o clima global

Cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, IPCC na sigla em inglês, divulgaram na noite deste domingo (30) o segundo capítulo de um relatório sobre o clima global e concluíram que são "altamente confiáveis" as previsões de que danos residuais ocorram em diferentes partes do planeta na segunda metade deste século.

E isso deve acontecer mesmo se houver corte substancial de emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos.

Chamado de "Sumário para os Formuladores de Políticas", o texto, que analisou o impacto, adaptação e vulnerabilidade do planeta mediante às mudanças climáticas, aponta ainda que a população pobre, principalmente de países tropicais, como o Brasil, será a mais afetada por situações de seca e inundação, com risco de insegurança alimentar, caso não haja planejamento para adaptar culturas agrícolas às possíveis realidades.
O documento é o segundo volume do quinto Relatório de Avaliação elaborado pelo painel da Organização das Nações Unidas (ONU) e as informações são complementares ao primeiro capítulo do relatório, divulgado em setembro passado, que abordava A Base das Ciências Físicas.

Nele há afirmações sobre o estado climático atual e previsões de como será a mudança global até 2100 (leia mais sobre o primeiro capítulo no fim deste texto).
Elaborado após uma semana de calorosas negociações em Yokohama, o capítulo vai ajudar a trilhar negociações entre governos para criar uma política internacional que reduza as emissões de gases e, com isso, frear o aquecimento global. Uma terceira parte do relatório deve ser divulgada ainda este ano.
Vulneráveis ao clima
O segundo capítulo do relatório aponta que populações pobres que vivem em regiões costeiras podem sofrer com mortes e interrupções dos meios de subsistência devido ao aumento do nível do mar e que altas temperaturas em regiões semi-áridas poderão causar grandes perdas para agricultores com poucos recursos, o que aumentaria o risco de insegurança alimentar.
Regiões tropicais da África, América do Sul e da Ásia devem sofrer com mais inundações, devido ao aumento de tempestades. Regiões já vulneráveis, que registram constantemente enchentes e deslizamentos de terra, como o Sudeste do Brasil, podem sofrer graves consequências com o acréscimo do volume de chuvas.
Sistema Cantareira: programado para durar até 2000 (Foto: Reprodução/EPTV)
Sistema Cantareira: falta de água abriu crise entre
SP e RJ (Foto: Reprodução/EPTV)
Sobre os recursos hídricos, o texto afirma que há fortes evidências de uma redução da oferta de água potável em regiões subtropicais secas, o que aumentaria disputas entre regiões pelo uso de bacias hidrográficas – algo semelhante ao que acontece atualmente entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com a disputa pelo uso da água do Rio Paraíba do Sul para  abastecer o Sistema Cantareira.
O texto estima também uma elevada perda de espécies de plantas e animais pela pressão humana, como a poluição e o desmatamento de florestas, além de redução dos recifes de corais no Caribe e costa de países tropicais, como o Brasil, por conta da acidificação, fenômeno causado pelo excesso de CO2 na atmosfera.
Impactos no Brasil
José Marengo, pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre, ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é um dos autores do novo capítulo elaborado pelo IPCC. Ele conversou com o G1 direto de Yokohama, onde aconteceu a conferência, e detalhou o impacto da mudança climática sobre o Brasil.
Veja os principais destaques:
Recursos hídricos: possível redução da oferta de água potável em regiões subtropicais secas e aumento de disputas por água;
Biodiversidade: projeções sugerem uma elevação do risco de extinção de espécies no século 21 por pressões como a poluição e o aumento de espécies invasoras;
Ecossistema marinho: há risco de queda de populações em áreas tropicais devido ao aumento da temperatura e à acidificação. Rendimentos de pesca devem cair;
Produção de alimentos: sem adaptação e com elevação da temperatura 1ºC, cultivo de arroz, trigo e milho em regiões tropicais, como na América do Sul, podem sofrer impacto negativo.
Amazônia: foi reduzida a ameaça de savanização pelo aumento da temperatura;
Inundações: populações de áreas costeiras devem sofrer com aumento do nível do mar. Nas cidades, maior quantidade de chuvas deve causar enchentes e deslizamentos de terra.
Segundo Marengo, que cuidou do trecho sobre as Américas Central e do Sul, foi reduzida a ameaça de savanização da Amazônia pelo aumento da temperatura entre 2ºC e 4ºC até 2100, conforme diagnóstico divulgado em 2007 pelo próprio IPCC.
Isso, segundo ele, não diminui a preocupação sobre o bioma, que pode sofrer graves consequências por alterações no regime de chuva, desmatamento e temperatura maior no leste e sul amazônicos.
“O que se observa agora é que a floresta amazônica deve resistir. Talvez a situação não seja tão grave, mas a preocupação persiste”.
Ele explica ainda que regiões como o Sudeste do Brasil, a região de Buenos Aires, na Argentina, e localidades nos Andes devem sofrer com o excesso de chuvas, principalmente cidades que já são vulneráveis atualmente, com registros de alagamentos e deslizamentos de terras. “Os extremos ficarão constantes. No futuro, deverá ocorrer muita chuva acumulada em poucos dias, além de mais dias secos e de mais calor”, explica.

Adaptação na agricultura
O texto traz também informações sobre a necessidade dos países investirem na adaptação de diversas áreas para enfrentar as mudanças no clima. Um dos pontos principais é sobre a questão agrícola.
O brasileiro Marcos Buckeridge, também autor do texto do IPCC, explica que a segunda parte do relatório alerta governos sobre possíveis danos à produção de alimentos que podem ser evitados com investimentos na biotecnologia e em técnicas que possibilitem um plantio de qualidade em áreas já degradadas, sem a necessidade de expansão para regiões preservadas – o que resultaria em desmatamentos.
Ele conta que isto evitaria perdas na produtividade causadas pelo aumento de CO2. Se por um lado o excesso desse gás contribui no crescimento de arroz, soja ou milho, por exemplo, as emissões reduzem o teor de proteína das sementes e podem provocar queda na qualidade do alimento. Isso afetaria a produção de comida para abastecer a população mundial, em constante crescimento.
O que se observa agora é que a floresta amazônica deve resistir. Talvez a situação não seja tão grave, mas a preocupação persiste"
José Marengo, pesquisador do Inpe e um dos autores do IPCC
“Como medida de adaptação sugerimos que lancemos mão de tudo que pudermos para ajudarmos as plantas”, disse o pesquisador.
Previsões científicas
O primeiro capítulo, divulgado em 2013, afirmava que há mais de 95% (extremamente provável) de chance de que o homem tenha causado mais de metade da elevação média de temperatura registrada entre 1951 e 2010, que está na faixa entre 0,5 a 1,3 grau.
O documento apontava ainda que o nível dos oceanos aumentou 19 centímetros entre 1901 e 2010, e que as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram para "níveis sem precedentes em pelo menos nos últimos 800 mil anos".
Sobre as previsões, a primeira parte trouxe também a informação de que há ao menos 66% de chance de a temperatura global aumentar pelo menos 2ºC até 2100 em comparação aos níveis pré-industriais (1850 a 1900), caso a queima de combustíveis fósseis continue no ritmo atual e não sejam aplicadas quaisquer políticas climáticas já existentes.

Os 259 pesquisadores-autores de várias partes do mundo, incluindo o Brasil, estimaram ainda que, no pior cenário possível de emissões, o nível do mar pode aumentar 82 centímetros, prejudicando regiões costeiras do planeta, e que o gelo do Ártico pode retroceder até 94% durante o verão no Hemisfério Norte.

Unidade 2: Impactos Ambientais

1. Cite três características do fenômeno Efeito Estufa?

2. Cite três características do Protocolo de Quioto?

3. Cite três exemplos de ações que os países podem adotar para reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs)?

4. Cite três características da Camada de Ozônio?

5. Cite três ações que os países podem adotar para contribuir com a redução da destruição da Camada de Ozônio?

6. Proponha três medidas para reduzir o efeito da Chuva Ácida.