sexta-feira, 22 de julho de 2011

Qualidade da água do Paraibuna é ruim!

Após a Agência Nacional de Águas (ANA) divulgar, na segunda-feira, um relatório que cita o trecho juiz-forano do Rio Paraibuna como problemático em relação à qualidade da água - apesar da melhora nos índices de poluição -, a Fundação SOS Mata Atlântica concluiu, essa semana, um estudo que mantém o sinal de alerta no município. A análise da água coletada no rio, na semana passada, apontou que a qualidade é ruim. Este ano, o Rio Paraibuna alcançou a mesma pontuação do ano passado, 25 (abaixo de 20 é péssimo e acima de 40 é ótimo, segundo a classificação utilizada pela fundação, baseada em normas do Conselho Nacional de Meio Ambiente - Conama). A coleta foi realizada no dia 13 de julho, na altura da ponte da Rua Halfeld, no Centro. Na avaliação química e biológica do líquido foram levados em conta 14 parâmetros, como presença de nitrato e fosfato, pH, oxigênio dissolvido, turbidez, demanda bioquímica de oxigênio, odor e existência de coliformes. O monitoramento das águas fluviais é desenvolvido pelo programa Rede das Águas, da própria SOS Mata Atlântica.

O relatório de Juiz de Fora chama a atenção para a presença de "muito lixo" acumulado nas margens ou flutuando sobre a água. Em relação ao odor exalado pelo rio, o Paraibuna foi classificado como "fétido ou cheiro de ovo podre". Já a medição da turbidez da água apontou entre 40 e 100 Unidades de Turbidez de Jackson (UTJ). Isso "indica que não existe penetração de luz, logo não existe fotossíntese, não havendo possibilidade de existir oxigênio dissolvido na água, o que indica que a situação na profundidade é anaeróbica e, por isso, o cheiro fétido ou cheiro de ovo podre que caracteriza um processo de fermentação e confirma a baixa presença de oxigênio dissolvido", explica o químico, autor do livro "Águas & Águas" e professor convidado do Núcleo de Análise Geoambiental da UFJF, Jorge Macedo, que analisou o relatório a pedido da Tribuna.

Também foi alta a concentração de fosfato, componente encontrado em produtos de limpeza. "A presença de fosfato é um dos parâmetros que medem a poluição doméstica nos rios. Isso indica que, além de a sociedade ter que pressionar para que o Poder Público instale as estações de tratamento de esgoto (ETEs) para remover a carga orgânica, também exija o tratamento terciário para retirar esses produtos químicos da água", explica a bióloga do programa Rede das Águas, Valéria Rusticci.

O químico Jorge Macedo complementa a avaliação e revela que contaminantes como hidrocarbonetos aromáticos, disruptores endócrinos e metais, como zinco, cádmio, cromo, chumbo e mercúrio, não conseguem ser removidos da água apenas com o tratamento recebido nas ETEs. "Ou seja, (esses materiais) irão se manter na água, colocando em risco a população que tiver contato com a água ou ingerir algum peixe ."

O assessor de gestão ambiental da Cesama, Paulo Afonso Valverde Júnior, explica que contaminantes, como metais, têm a provável origem industrial, sendo que o tratamento desse tipo de resíduo é de responsabilidade das próprias empresas. "A legislação prevê que as indústrias tenham estações especiais de tratamento, a lei foi um ganho para o Rio Paraibuna, mas ainda existe muita atividade clandestina."

Em relação ao tratamento do esgoto doméstico, responsabilidade da Cesama, o assessor ressalta que, em 2009, apenas 1% do esgoto da cidade era tratado. Hoje, segundo ele, 12% desse resíduo passam por tratamento. Além das duas ETEs já em funcionamento, a da Barreira do Triunfo e de Barbosa Lage, a Prefeitura espera concluir, em breve, a construção da ETE União Indústria. Para este ano, ainda devem ser criados três novos coletores de esgoto na Zona Norte.

Fonte: Tribuna de Minas, 22.7.2011

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